sábado, 28 de fevereiro de 2009

A noite de Luanda

Na véspera de Carnaval fui com os meus colegas conhecer um pouco da noite de Luanda. Ao inicio éramos para ir a uma festa privada que só se entrava com convite, mas o convite custava 40 dólares e a festa não parecia grande coisa. Mudamos de planos e fomos até ao palos. Entramos e estava um ambiente muito porreiro. Portugueses, Brasileiros, Americanos, Chineses e etc. Tudo a dançar numa convivência alegre e saudável. Nesta discoteca, a maior parte do espaço é descoberto, com alguma vegetação no meio (flores, palmeiras, etc…), Tem cerca de 4 pisos desnivelados onde as estrelas no céu também fazem parte da decoração. Portanto, como podem imaginar é um espaço muito agradável.
Como era Carnaval eles decidiram fazer umas partidas, colocaram uma espécie de chuveiros (fazia falta lá em casa…), em cima das pistas e de vez em quando… aqui vai disto… Tudo a dançar à chuva, alguns com uma mão a segurar o copo e a outra a tapá-lo, e eu que tinha pedido whisky sem gelo, devido a desconhecer a proveniência da água… (se apanhar a cólera vou lá pedir uma indemnização…). Mas, estava toda a gente divertida e eu até achei piada à coisa.
O problema é que cheguei a casa com a roupa colada ao corpo, e a fotocópia autenticada do passaporte ficou um pouco húmida, ainda a desdobrei cuidadosamente e coloquei-a a secar, mas digamos que desbotou um bocadinho e quem ficou na foto não era branco. Portanto, tenho que pedir para me autenticar outra cópia, por enquanto ando com a mesma, se a policia me mandar parar tenho que desculpar-me com o facto de trabalhar muito e o suor desbotou a foto, se ele não acreditar lá terei que dar uma “gasosa”, mas pequena que este tuga é pobre.

Mas, no geral, a noite valeu a pena e foi divertida.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Altura do Lazer

Finalmente, acabou a semana de trabalho (que aqui só acaba ao sábado que também é dia de trabalho). É altura de conhecer o outro lado, fomos até à ilha que é o cartão-de-visita de Luanda. Aqui encontramos praia, esplanadas, bares restaurantes e discotecas, é uma zona de lazer por excelência.

Esta é sem duvida a melhor parte de Luanda que já conheci, os bares/esplanadas estão muito bem decorados e são muito acolhedores, há para todos os gostos mesmo ao pé da praia. Uma cervejinha a “estalar”, as palmeiras, e uma tranquilidade… isto sim, é qualidade de vida.
A temperatura da água não é quente, nem é fria, é óptima!

Mas, faltava a aventura do dia, estávamos a jogar à bola ao pé da água, quando de repente dois jovens se desentendem, pelo que percebi o outro estava a roubar, confusão armada… aparecem os seguranças do bar que tentam, sem sucesso, por cobro à situação. De repente aparece um policia que puxa da arma e aponta ao individuo (aqui é assim, não há paninhos quentes…), ele foge mete-se atrás de nós, o policia puxa a culatra atrás, e vem na nossa direcção… bem, começamos, muito calmamente, a desviarmo-nos, não fosse a arma disparar e furar a bola (era chato porque tínhamos acabado de a comprar), ele mete-se na agua e mergulha (penso que se ele de facto roubou alguma coisa agora está no oceano atlântico). Resumindo, lá o conseguiram convencer que era melhor sair da água a levar um tiro, e depois de umas "cacetadas" e umas algemas nos pés, lá foi ele arrastado…

Mas, na generalidade, foi um domingo muito bem passado, e já tenho um motivo para enfrentar a semana de trabalho.


Hum… terça-feira é feriado… vai ser para relaxar!

Custo de vida em Luanda

O custo de vida em Luanda é altíssimo. Este é uma das coisas em que tenho tido mais dificuldade a adaptar-me. Eu já vinha avisado deste facto, mas mesmo assim a realidade é sempre mais dura.

No dia seguinte a que cheguei aproveitei a boleia de uns colegas e fui fazer umas compras ao supermercado. Quando comecei a olhar para o preço dos artigos fiquei parvo, só me faltou levantar os braços, parecia que estava a ser roubado.
Fui cambiar dólares por kuanzas, e já me estavam a dar dinheiro a menos, reclamei e o senhor nem ripostou, colocou o dinheiro que faltava em cima do balcão (hum… devo cheirar a carne “fresquinha”).

A muito custo lá comprei umas coisitas para me orientar nos primeiros dias, paguei e vim-me embora. Pelo caminho comecei a fazer contas, e cheguei à conclusão que tinha gasto cerca de sessenta euros!!! Isto é uma loucura! Várias perguntas me atravessaram o pensamento ” como é que estas pessoas sobrevivem?”,” de certeza existem mercados paralelos onde as coisas são mais baratas”, “ Claro que a fiabilidade dos produtos não deve ser a mesma”. Mas, se os meus colegas que estão cá à alguns anos vêm cá fazer compras é porque isto deve ser mesmo assim…
A refeição mais barata que encontrei até agora custou cerca de 20 euros, o resto anda á volta dos 40/50 euros, e é um prato, uma bebida e um café.

Portanto, tirando o combustível e o tabaco, o resto é tudo muito caro. E ainda achamos mais caro quando analisamos a relação preço/qualidade.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Luanda-primeiras impressões

Luanda é claramente uma cidade em crescimento, existem obras por todo o lado. Mas, é uma cidade com demasiada população, só para exemplificar, Angola tem cerca de 14 milhões de habitantes (fontes pouco credíveis), sobre a população já me avançaram vários números, mas são sempre superiores a 5 milhões de habitantes. Tendo em conta o tamanho do pais, dá para fazer uma ideia da excessiva concentração da população em Luanda.
Quando saímos à rua vemos pessoas por todo o lado. Na generalidade, as pessoas são pobres mas andam sempre sorridentes e agitadas.

As pessoas são pobres mas têm telemóveis topo de gama e roupas de marca, como conseguem isto com um ordenado de cerca de 300 dólares... não sei, mas muito provavelmente "candonga" e negócios "duvidosos".

O povo Angolano é muito vaidoso, e geralmente, andam sempre muito bem vestidos. Uma coisa que me mete confusão é ver uma rua cheia de lama em que as pessoas andam a saltar de pedra em pedra, e vês pessoas vestidas de branco, mas um branco imaculado sem nenhuma pinga de lama, não percebo como conseguem.

Algo impressionante é o comercio de rua (Luanda tem o maior mercado de África, e é um mercado de rua) . Tudo se vende na rua, desde todos artigos de mercearia, a electrodomésticos, roupa, etc, etc. Vende-se práticamente tudo o que possas imaginar. As pessoas vendem nas bermas das estradas e mesmo no meio das estradas mostrando o seu artigo aos condutores que vão passando.

Resumindo, Luanda é uma cidade cheia de agitação.

O transito em Luanda

Indiscritivel!

O transito em Luanda é realmente indiscritivel, é daquelas coisas que só presenciando, se pode realmente perceber o que significa circular em Luanda. Mas, mesmo assim, eu vou tentar transmitir uma ideia aproximada.

Imaginem uma estrada que em Portugal tinha duas vias de circulação, aqui transformam-na em quatro, cinco ou até seis vias, e o sentido em que se circula não é linear, é frequente virem carros em sentido contrário.
Os carros ficam tão próximos que eu não percebo como não estão constantemente a tocar uns nos outros.
As regras de circulação são iguais a Portugal, apenas ninguém as cumpre. E mesmo que não concordes com toda esta falta de civismo, acabas por fazer exactamente o mesmo, isto claro se queres chegar ao destino. Esta semana ficamos presos num cruzamento com carros por todo o lado, e eu, naturalmente pensei, que nunca mais saímos daqui, mas o facto é que saímos, ainda não percebi foi como.

Quando cá cheguei choveu, e já não chovia à cerca de um ano, além de que aqui, quando chove é sair de baixo. Resultado, ruas cheias de buracos e inundadas. Autenticas lagoas! ruas com água de um lado ao outro. Mas, felizmente temos um jipe com tracção e lá temos conseguido chegar ao destino, embora passe a viagem aos saltos. No entanto, esta semana, o carro parou no meio de uma destas lagoas. Eu não estava muito preocupado, até que os meus colegas começaram a ficar um pouco agitados pelo sitio onde estávamos, é que para fugirmos ao transito andamos por ruelas pouco recomendáveis. tentamos varias vezes por o carro a trabalhar mas sempre sem êxito. Solução, vestir umas botas de agua que tínhamos no carro, prender uma corda ao carro e pagar uma "gasosa" a alguém que nos rebocasse. Felizmente, ainda estávamos a prender a corda ao carro e parou um jipe pronto para nos rebocar. Rebocou-nos uns metros e conseguimos por o carro a trabalhar... ufa, já nos safamos desta... é importante referir que o senhor nem nos pediu "gasosa", coisa muito rara por estes lados.

Mas, o pior do trânsito são os "candogueiros". Os "candogueiros" são os táxis e transportes públicos de Luanda, são umas carrinhas azuis e brancas de marca toyota hiace (ou iasse, como se diz em angola). Têm um funcionamento muito simples, um motorista e um cobrador, em que a função do cobrador é receber o valor da "puxada", e gritar o destino. Estes senhores não cumprem qualquer regra e se vires um carro em sentido contrário, o mais provável é ser um "candogueiro". Portanto, ninguém os pode ver, e eles não se podem ver uns ao outros, e se aparece um candogueiro na rota de outro há logo confusão.

Conclusão, circular em Luanda é uma autentica luta, em que o objectivo é não te deixares ultrapassar, nem te amedrontares quando ameaçam cortar-te o caminho.

ainda bem que eu não tenho de conduzir...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A casa

Depois de uma viagem de carro onde fui procurando recolher as primeiras impressões da cidade de Luanda chego à casa que me vai acolher nos próximos tempos. Confesso que vinha com alguma curiosidade, entro dou uma vista de olhos... não é excelente mas tem as condições mínimas. O quarto tem o essencial a sala está muito bem equipada, a cozinha e a casa de banho é que deixam muito a desejar. A casa de banho não tem armários e o chuveiro, nem sei como descrever, digamos que como indica a palavra "chuveiro" este utensílio devia fazer com que a agua saí-se em forma de chuva, mas na realidade a queda da agua assemelha-se com diversas goteiras que caiem com uma velocidade lenta e não uniforme.

A cozinha apresenta já apresenta um avançado estado de degradação, mas isso não é o pior, o problema são as baratas, eu até acho que, na realidade a cozinha é delas, elas é que nos deixam lá ir de vez em quando.

Mas pronto, também não é grave, na generalidade a casa até têm boas condições, precisava de uma desinfestação e que se investisse numas obrazinhas.

Chegada a Luanda

Depois de uma extenuante viagem aterrei no aeroporto 4 Fevereiro em Luanda. Saio do avião e sinto o "bafo quente" de África. Entro numa sala e começam as filas, primeiro à a fila onde se entrega o boletim de vacinas internacional e recebe-se em troca um papel para preencher. Entretanto dirigimo-nos para outra fila (que anda vagarosamente, e tomamos o primeiro contacto com o ritmo de trabalho de angola), enquanto esperamos vamos preenchendo o papel. Finalmente... chegou a minha vez, entrego o papel, o passaporte e o boletim de vacinas e fico á espera das perguntas... nada, acho que tive sorte... a menina apenas começa a carimbar furiosamente os documentos a atira-os para cima do balcão, eu vou-os apanhando e continuo à espera das perguntas... nada... nem um "pode seguir, se faz favor". Depois de ficar um pouco à espera, decidi avançar. Passo à zona das malas onde me deparo com um único tapete (já me tinham alertado... mas ao vivo é outra coisa), onde as pessoas se amontoam na esperança de deslumbrar as suas malas. Espero cerca de dois minutos e vejo a minha a vir na minha direcção... ora toca de dar me dirigir ao tapete, depois de uns... "desculpe se faz favor".... "com Licença..."e algumas cargas de ombro, consigo apanhar a minha. Próxima fase..."será que me vão pedir para abrir as malas... espero que não"... aproximo-me da senhora que me pergunta apenas se venho de Portugal e manda-me avançar.
Isto está a correr bem, penso eu, saio do aeroporto e deparo-me com um monte de pessoas penduradas em cima de umas grades e dois policias a discutir com elas. Olho atentamente e não deslumbro qualquer saída... "Hum... devo ter-me enganado"...volto para trás..."não! não existe mais nenhuma saída..." volto a sair e vejo duas pessoas a sair pelo emaranhado de pessoas..."ah, apenas tenho que os empurrar e arrastar a mala..." olho e consigo ver o meu contacto com a mão levantada lá trás, levanto a mão e penso " será que consegue abrir um corredor de segurança para eu passar...", não! ora toca de voltar a usar a estratégia da carga de ombro . Finalmente, consigo lá chegar, enquanto o senhor ajuda-me a carregar a mala para o carro aproxima-se um individuo que me pede a famosa "gasosa"por supostamente um colega dentro do aeroporto me ter deixado passar sem abrir a mala, eu digo que não se passou nada disso e o meu contacto diz-lhe que não vale a pena que não há gasosa para ninguém, ele riposta com uma ameaça qualquer e vai-se embora, nós acabamos de carregar a mala e "abre dali para fora que se faz tarde...."

Cheguei a Luanda!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Destino Luanda

A pedido de várias famílias lá criei um blog para relatar as minhas aventuras por Luanda (não se preocupe Sr. Pacheco Pereira que este é para "consumo interno" e não pretendo tirar audiência aos seus...).

Deixo já claro que isto apenas irá servir de alguma coisa se tiver acesso à Internet em Luanda... E a publicação de fotos irá depender da velocidade de acesso da mesma.

Finalmente, depois de, cumpridas todas a formalidades, despedidas precipitadas, e da ansiosa espera, O VISTO SAIU... a mala já está feita à algum tempo, provavelmente a roupa já adquiriu algum mofo. A primeira coisa a fazer em angola, isto claro se não ficar retido no aeroporto, será desfazer a mala e arejar a roupa, claro que à medida que vou arrumando as coisas vou-me lembrar das coisas que me esqueci(isto soa-me a uma musica qualquer...).

Um dos objectivos deste blog será também responder a algumas duvidas que eu próprio tenho neste momento, como por exemplo o custo de vida. Já vi em diversos sítios o custo de uma refeição em Luanda, e uns falam que uma refeição simples custa entre 50 e 80 dólares outros falam num custo médio de 30 dólares. Em qualquer dos casos acho muito caro, mas a diferença entre 30 e 50 dólares dá para eu fazer uma jantarada muito bem "regada" em Portugal. Mas logo se vê... não quero engordar mas também não quero passar fome.

Por agora é tudo...

No próximo sábado, dia 14/02/2009, aqui vou eu... espero conseguir ir dando noticias.

Até já.