segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Novo" Código de Estrada

A partir de 1 de Abril de 2009 entrou em vigor o novo código de estrada em Angola. Só mesmo os angolanos para se lembrarem de colocarem em vigor leis, precisamente no dia das mentiras.
Claro que, inicialmente, pensei que ao escolherem este dia para colocarem este código em vigor, seria como passarem uma mensagem subliminar, de que as leis estão aí, mas não são, necessariamente, para se cumprir, isto é, o novo código serviria como uma aproximação às boas práticas do resto do mundo, mas seriam apenas indicativas do caminho a seguir, e esse é um caminho muito longo...

Este código estava condenado à partida, e por diversas razões, começando logo pelo dia em que começou, e depois porque a maioria das estradas existentes não permitem cumprir com a lei, como por exemplo, é proibido pisar linhas continuas! E eu pergunto, que linhas continuas? Só se forem imaginárias, porque eu não as vejo. Acho que primeiro deviam criar estradas com condições e depois sim, colocavam em vigor um novo código de estrada, em qualquer dia excepto no dia 1 de Abril…

Além do colocarem em vigor o novo código de estrada também actualizaram as multas, e são um autêntico escândalo, só como exemplo, a multa para a falta de uma daquelas palas que servem para tapar o sol, ronda os 500 dólares. Sinceramente, nem percebo como é que ainda me surpreendo com este tipo de coisas. Portanto, somando dois mais dois, este código tem um publico alvo especifico, que são aqueles que têm possibilidade de pagar este tipo de multas, especialmente, trabalhadores expatriados.

O resultado da entrada em vigor deste código foi o seguinte; no dia seguinte foi emitido um comunicado a dizer que durante trinta dias não seriam passadas multas, seria um período de adaptação e sensibilização. A maioria dos “kandogueiros” pararam por não possuírem as condições exigidas para transportar pessoas e como uma forma de protesto contra este código, como tal, Luanda parou, as pessoas têm mais dificuldade em arranjar transporte, percorrem longas distâncias a pé, consequentemente, chegam atrasadas ao trabalho e, depois disto tudo, ainda têm dificuldade em voltar para casa, andam muito cansadas, mas sempre sorridentes…

Passou quase um mês desde a entrada em vigor deste código, e a única coisa em que, efectivamente , vi uma evolução foi no uso do cinto de segurança, como tal, deixou de fazer sentido a piada “olha, este meteu o cinto! Deve ter ido à Europa”…