terça-feira, 31 de março de 2009

A filosofia de vida Angolana

O Angolano tem um modo de encarar a vida muito própria, a generalidade, adopta a máxima de viver um dia de cada vez.

Um Angolano se tem dinheiro no bolso que é suficiente para, por exemplo, comprar uma televisão, ele compra-a, não pensando um minuto sequer que vai ficar sem dinheiro para comer o resto do mês, esse problema fica para amanhã. No entanto, em Angola se queres algo tens de o pagar antes, ainda não existe cá pagamentos a 30, 60, ou 90 dias, é costume se dizer que, quem paga adiantado é mal servido, talvez seja, mas isto tem um aspecto muito positivo que é o facto de aqui ainda existir alguma liquidez.

Para um Angolano as coisas más que acontecem, é porque estavam destinadas a acontecer e ele não tem qualquer controlo sobre elas. Existe várias maneiras de ver um problema, por exemplo, quando chove e a água invade as casas, existem aqueles que acham que a casa é inundada porque não têm saneamento que permita o escoamento da água, e como tal, a culpa é dos governantes que ainda não conseguiram solucionar esse problema, para outros este é um problema que acontece quando chove e que não se pode controlar a mãe natureza, e também não chove assim tantas vezes, o Angolano costuma a adoptar esta ultima postura.

A desculpabilização é também aqui uma forma de arte, têm desculpa para tudo, mesmo que essa desculpa não tenha nada a ver com o caso em questão. Se perguntas qual o motivo para ele não ter vindo trabalhar ele responde-te coisas do género “ontem não ouve luz “, “ouve óbito na minha rua”, “tché, muita obra em casa”, “a minha dama desapareceu”, se queres um conselho, não tentes saber o que é que isso tem a ver com o caso, ainda vais ficar mais confuso.
Se existe um acidente, ninguém teve a culpa, ficam no meio da via a discutir até que chegue a polícia, ou pegam logo na chave de rodas e partem para o confronto (muito comum aqui e nada bonito de se ver…). Nós já batemos, mas foi coisa pequena, só um pisca, e sinceramente, fomos os culpados, mas como, em Roma sê romano, então, em Luanda sê “luandano”, e toca de ir lá para fora discutir, felizmente não houve confronto físico, também nem uma chave de rodas tínhamos à mão, inconscientes... Um bom negócio para aqui seria vender um kit composto por uma chave de rodas e um bastão…

Mas o que eles gostam mesmo é de festa, de preferência com música “grande” (alta em português de Angola, provavelmente esta expressão será já considerada no novo acordo ortográfico…), e quando á festa, a música é mesmo “grande”, até os vidros tremem, e sentes a música a bater no teu coração, literalmente!